Porque não consegue suportar meia hora de exposição de um assunto, sem se incomodar e desejar que o discurso acabe?
Porque fica impaciente diante de uma midia repetitiva que parece não acrescentar nada naquilo que ouvimos sempre?
Não é porque você só escuta mais do mesmo e há muito tempo e com isso acaba perdendo o interesse no que está sendo tratado?
Não é também porque o assunto que se expõe parece não ter muito a ver com sua vida?
Não seria também verdade que você se transformou (ou transformaram você) num simples ouvinte distante e não participativo?
Não seria de pensar também que os discursos se esvaziaram de sentido porque nossa vida se esvaziou primeiro? O que buscamos, o que queremos de fato, senão perpetuar o estado de coisas enquanto der resultado! Isso não cansa nossa alma?
Não fique pensando que só acontece com você. Isso é geral.
E isso se dá em todo tipo de ambiente, não só no religioso.
Também se dá no universo político, educacional e empresarial.
Parece que todo mundo fala tudo igualzinho, os discursos não variam e a mudança não é permitida.
Porque será?
Por comodismo? Medo? ou os dois juntos?
Vamos tentar pensar em algumas possibilidades que nos tiraram o interesse e prazer de ouvir discursos.
Quando alguém se coloca diante de uma platéia para proferir um discurso tem que se ocupar com três seriedades, quais sejam:
1- O preparo do palestrante (o que sabe, o que pensa e o que pretende ao falar). Certamente que não se exige dele a perfeição, mas sabemos que ele sabe.
2- O conteúdo da palestra (sua verdade, pertinência e sentido). Não precisa pretender esgotar o assunto, mas isso (pensamos) nos diz respeito.
3- A platéia (ajuntamento de seres que vivem uma condição e merecem no mínimo o respeito) fomos levados na conta da atenção e razão de ser do discurso.
Isso posto, pensamos que um discuro seja a expressão de quem discursa e as suas impressões serão o conteúdo do discurso que dará sentido ou não aos que ouvem.
Então porque há pouco interesse nos discursos?
Porque os homens não mais se impressionam! Isso é no mínimo trágico.
Perdeu -se o gosto pelas grandes questões humanas que ocupava o pensamento até encontrar possíveis respostas.
Perdeu-se a coragem da mudança, que transgride o modo fácil e tolo de viver. Prefere-se o imediato e não o longo prazo.
A cultura digitalizada apressou a nossa mente a desejar a solução instantânea, sem projetos mas apenas eventos. Não se gasta tempo em pensar os grandes temas que implicam diretamente na vida humana como: Política, Deus, Transcedência, Lógica, Direito, Antropologia, Metafísica e Morte e tantas outras ciências das quais o ser humano não pode simplesmente prescindir. Estamos imersos nesses assuntos mas de modo inconsciente. A vida e o mundo ao redor é visto como mercadoria a ser consumida. Os homens não se impressionam mais com as coisas porque não as observam. E se não observam não enxergam. Então do que falam?Falam as palavras do dialeto geral do consumo rápido e não a consequência do experimento próprio. Jesus quando quis dizer que o Pai cuida da alimentação e manutenção da vida humana se referiu ao cuidado que ele tem com pássaros e plantas. Ele disse: olhai,observai os lírios vestidos por Deus e os pássaros que da Sua mão comem! Observar leva tempo, até enxergar! Certamente se preocupam mais com a Moda e o Ventre- nossos deuses de fácil adoração. Parar para olhar o mundo ao redor leva um tempo que o Mercado não perdoa. Tudo virou fluído e adaptável à nossa vida facilitada pela velocidade de se correr não se sabe prá onde! Os homens não admiram e choram quando impactados pelas simples verdades contidas naquilo que Deus falou e fez. Como posso falar de comunhão se não me maravilho das obras de Deus, quando ele me mostra o que fêz, regado a pão e vinho? Esses homens não comungam do sofrimento e riso de Deus. Não têm o que dizer! O Mundo natural na sua explêndida diversidade, o mundo humano na sua extrema complexidade e todos os demais mundos possíveis estão à disposição para serem explorados e percebidos porém não ligam. Qual a natureza dos discursos então, se a vida se pauta pela lógica do mercado e do consumo? Desejo o silêncio de quem não tem o que dizer, do que as palavras ditas porque não se suporta a quietude da espera. Sonho que um dia teremos homens que usam a tribuna para proferir os discursos nos quais Deus e eles choraram! Espero que homens que foram marcados pela agonia da dor de existir e que lutaram para encontrar o sentido das coisas e da vida, discursem e nos arranquem do comodismo insensível. Espero também que os púlpitos sejam ocupados por homens e mulheres que tenham sido marcados pela percepção sensível do Espírito e não sejam apenas faladores dos modismos religiosos que se prolongam por causa da insensibilidade de nossas almas. Sou capaz de preferir que esses homens desçam dos púlpitos e dos palanques se não tiverem na alma a agonia da busca e o sincero desejo do encontro. A percepção requer exercícios que não estão disponíveis nas prateleiras do mercado fácil do entretenimento religioso. Perceber é não estar anestesiado pela mídia de massa que assim nos faz à todos. Enfim espero ainda chegar o tempo em que ir a uma reunião seja motivo de se esperar que nossa alma seja melhorada pela verdade exposta. Espero ter fim as palavras vazias que apenas prolongam a ilusão de estarmos bem. Espero que os homens que usam o meu tempo para me dirigirem seu discurso sejam sensíveis a ponto de se impressionarem. Mas também na esperança me conforto por entender que Deus nunca se deixou sem testemunhas. Pessoas das quais o mundo não era digno de lhes dar abrigo e mesmo assim fizeram o que tinham de fazer. E o que tinham que fazer? Perceber (aestèsis do Grego: estética - percepção) o divino que a tudo permeia, torna sagrado e suficiente para impressionar. Vivê-lo e contar isso aos homens. Isso não dá lucro, comodidade nem cartaz.Quem quer arriscar ter o que dizer?
Adilson Mendes de Oliveira
|
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Expressão das impressões sobre um mundo impressionante
Marcadores:
Adilson Mendes
0 comentários:
Postar um comentário
Olá! Agradecemos por ler nosso blog.
Deixe seu comentário!